Lenio Braga nasceu em Ribeirão Claro, norte do Paraná, em 5 de junho de 1931. Segundo filho da professora Adelaide Braga Brazil e do juiz de Direito Hernande Brazil, mudou-se para São Paulo com 9 anos de idade, onde estudou até completar o científico.
Desde cedo manifestou inclinação para as artes plásticas, demonstrando grande habilidade e uma curiosidade inesgotável, que o acompanhou por toda a vida. Experimentou praticamente todas as formas de expressão plástica: desenho, pintura, gravura, escultura, muralismo, cerâmica, artes gráficas e fotografia.
Seu espírito inquieto e rebelde fez com que entrasse em conflito com o pai, saindo de casa antes de completar 19 anos. Fez o serviço militar obrigatório na Aeronáutica, de onde saiu detestando visceralmente qualquer tipo de farda ou batina. Este traço torna-se explícito nas obras que criou nos anos 60, caricaturando sem piedade padres e militares em óleos, gravuras e desenhos, o que lhe acarretou problemas com a Censura da época.
Os artistas modernos de São Paulo, no final da década de 40, orbitavam em torno do Museu de Arte Moderna, na rua Sete de Abril, no centro. Reuniam-se ali artistas jovens e consagrados, críticos e historiadores.
A chegada de Pietro Maria Bardi, convidado por Assis Chateaubriand, também mobilizou a classe artística em torno do ambicioso projeto de criar um grande e dinâmico museu. Inaugurado em 1947 no centro da cidade, só em 1968 o MASP ganharia sua sede definitiva, na Avenida Paulista.
Lenio acompanhou de perto o debate estético e ideológico que envolveu estas iniciativas. Teve aulas de gravura com Lívio Abramo e Helen Kerr, mas foi autodidata em outras técnicas. Estudou História da Arte e debruçou-se sobre os clássicos, estudando composição, volume e técnicas de claro-escuro. Apaixonou-se pelos impressionistas, optando definitivamente pelo figurativismo como forma de expressão. Pesquisou atentamente o Modernismo brasileiro, preparando o terreno para sua ativa participação nos anos 60.
Em setembro de 1955 casa-se com Muriel Alves, transferindo-se para Salvador, BA. Encontra ali um ambiente efervescente, onde pesquisadores, artistas, professores e, claro, jovens artistas, estavam procurando entender, explicar e traduzir o Brasil. Antropólogos como Pierre Verger e Juana Elbein, músicos como Walter Smetak, escritores como Jorge Amado, Nelson Araujo e Antonio Olinto, artistas como Carybé, Mário Cravo, Jenner Augusto, Mirabeau Sampaio, José de Dome, Emanoel Araújo, Hansen Bahia, Rubens Valentim, Genaro de Carvalho e José Cláudio, entre outros.
A Universidade Federal da Bahia, dirigida por Edgard Santos, era o epicentro dessa agitação. Ali se fermentou a onda criativa que iria desaguar nos movimentos de teatro, dança, cinema, música e artes plásticas dos anos 60, quando Salvador rivalizou com Rio e São Paulo como centro irradiador de tendências.
A partir de 1956, Lenio participa de exposições coletivas, integrado ao grupo de artistas que emergia na época: Mário Cravo, Carybé, Genaro de Carvalho, Jenner Augusto, Agnaldo dos Santos, Carlos Bastos, José de Dome, Hansen Bahia, Rubem Valentim, Mirabeau Sampaio, Raimundo de Oliveira, Ubirajara e outros.
A primeira exposição individual foi na Petit Galerie, no Rio de Janeiro, em 1958. Na década seguinte expõe nas galerias Oxumaré (BA), Querino (BA) e Cosme Velho (SP), além de novas exposições na Petit Galerie. Experimenta novas técnicas, trabalha com fotografia, cria suas primeiras esculturas e murais. Em 1966, conquista o Prêmio Nacional de Pintura na I Bienal de Artes Plásticas da Bahia, com a obra Monalisa & Moneyleague, influenciado pela pop-art de Warhol e Rauschenberg. A premiação causou grande polêmica na época, dividindo o meio artístico.
Durante os anos 60 também cria cartazes para peças de teatro e, no final da década, realiza várias aberturas para filmes documentais de Paulo Gil Soares e Geraldo Sarno.
Em 1966 conclui o painel da Rodoviária de Jequié, em mosaico. Convidado pelo arquiteto Yoshiakira Katsuki, esculpe um cruzeiro em pedra-sabão, uma pia batismal e um menino Jesus em madeira para a capela de Itapetinga (BA).
No ano seguinte, conclui seu maior mural, na rodoviária de Feira de Santana (BA). Hoje tombado, é atração turística na cidade e motivou ensaios e teses acadêmicas. Participa da Bienal de São Paulo, com desenhos e pinturas. Ainda em 67, edita o livro Porque Oxalá Usa Ekodidé, de Mestre Didi (Deoscóredes dos Santos), ilustrando e caligrafando um conto tradicional do candomblé africano.
Em 68 muda-se para o Rio de Janeiro, casando-se com Maria Celeste. Expõe na Galeria Cosme Velho (SP) e Galeria da Praça (RJ). Cria peças em bronze fundido e pesquisa vitrais, mantendo intensa produção. Em 1969 expõe pinturas e esculturas na Petit Galerie (RJ).
Em sua última fase, produz uma série de óleos inspirada no Cânticos dos Cânticos. O período, marcado por luminosidade e amplo uso de cor, é interrompido pela morte prematura, em 1973. Entre seus últimos experimentos está a criação de obras em vidro e ferro fundido.
Cronologia:
1931 – Nasce em Ribeirão Claro (PR).
1940 – Muda-se com a família para São Paulo.
1950 – Começa a estudar pintura e desenho, de forma autodidata.
1954 – Estuda gravura com Lívio Abramo e Helen Kerr, no MAM-SP.
1955 – Casa-se e transfere-se para Salvador, Ba.
1956 – Coletiva “Artistas Modernos da Bahia”, Galeria Oxumarê.
1957 – Coletiva “Artistas da Bahia”, MAM–SP.
1961 – Contratado pelo Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO-UFBA).
1963 – Coletiva “Brazilian Contemporary Artists”, Lagos, Nigéria.
1965 – Primeira Bienal de Artes Plásticas de Salvador.
Prêmio Nacional de Pintura com a obra Monalisa & Moneyleague.
1966 – Realiza o painel da Rodoviária de Jequié.
– Mostra de Arte Baiana, na Ass. Riograndense de Imprensa, Porto Alegre (RS)
1967 – Conclui o painel da Rodoviária de Feira de Santana.
Participa da 8a Bienal de São Paulo.
Ilustra e edita o livro de Mestre Didi, “Porque Oxalá Usa Ekodidé”.
1968 – Muda-se para o Rio de Janeiro. Individual na Galeria Cosme Velho.
Escreve o roteiro do filme “A Sereia e o Duque”, com Paulo Gil Soares, premiado em Brasília.
1969 – Individual na Petit Galerie (pinturas e esculturas)
Participa da 9ª. Bienal de São Paulo, tendo obras recolhidas pela censura.
1970 – Inicia série de pinturas “Cântico dos Cânticos”.
1971 – Monta ateliê de esculturas em vidro e metal, na Barra da Tijuca. Tem como assistente o jovem artista Rubens Grillo.
1972 – Individual na Petit Galerie (desenhos, pinturas e esculturas).
1973 – Morre em decorrência de um apêndice supurado e possível infecção hospitalar.
Boa noite; Moro em Itapetinga, conheço o trabalho de Lenio na Igrejinha de Pedra e no Edificio Juvino Oliveira. Admiro muito o trabalho de Lenio, parabéns.
Estava lendo a biografia de Lenio, quando fala sobre a igrejinha, o nome da cidade foi digitado errrado, nao é Itapetininga e sim Itapetinga.
Obrigado
Muito obrigado pela sua observação, Rubinho. Já vamos corrigir!
Um abraço!
Estamos fazendo estudo para a salvaguarda do painel na rodoviária de Itabuna, laços é importante estreitar laços institucional .
Boa tarde, sou jornalista em Itapetinga e há alguns dias, os murais de Lenio Braga pintados no edifício Juvino Oliveira estão sendo restaurados pelo artista plástico Roney George. Um deles, o que ficava embaixo, já está quase pronto. Os outros dois também serão trabalhados. Um deles, no entanto, o que fica logo na escada, de frente para a rua JJ Seabra, por conta da total degradação, se transformará em uma grande homenagem ao artista, com fragmentos do que ainda existe. Roney tem desenvolvido um trabalho rico em detalhes, feito depois de muito estudo sobre técnica e pinceladas típicas de Lênio. O resultado é incrível. Os murais serão devolvidos à sociedade em março. Se tiver algum interesse, ficaríamos honrados em recebê-lo. Mais detalhes, pode entrar em contato por e-mail.
Olá, Isabela, que enorme alegria saber dessa notícia! Já entrarei em contato com você por email. Um abraço!
Que MARAVILHA !!!